Cá em casa, como na maioria das casas que
conheço, andamos sempre a correr, sempre com pressa e na maior parte das vezes
sempre atrasados. Corremos para o trabalho, corremos para casa, despachamos os
miúdos a correr, “vá come”, “anda lá despacha-te”, “vá mexe-te”, “não te
esqueças do casaco” , “já vou chegar atrasada” são palavras muitos utilizadas
cá em casa. Ao fim de semana não é diferente, temos mil e uma atividades,
porque queremos aproveitar ao máximo o fim de semana, então corremos para ir ao
supermercado, corremos para irmos passear, andamos a saltaricar de festa de
anos em festa de anos (porque parece que a vida social de uma criança de 5 anos
é mais agitada que a nossa) para nos despacharmos, para aproveitarmos os dois
dias ao máximo…. Corremos, corremos, corremos…. Passamos a vida a correr… Ou
melhor, a vida passa por nós a correr e nós limitamo-nos a andar numa roda vida
para tentar chegar a tudo e a todos.
Este fim de semana, foi diferente. Este fim de
semana regressei muito perto do único sitio, onde em criança os dias demoravam
a passar, onde as horas eram lentas, onde um fim de semana parecia uma
quinzena... Só tinha esta sensação quando ia para a casa da minha avó Arminda,
em mais nenhum lado os dias eram assim, lentos e vagarosos... demasiado lentos
e vagarosos para uma miúda enérgica como eu. Sempre que tínhamos de ir à terra,
para aquela terra em particular, para aquela casinha no meio do pinhal, eu
achava um tédio, porque os dias eram infindáveis e as horas demoravam muito a
passar. Hoje, com toda a correria que passa à minha volta, era bom eu poder
voltar a estar sentada num banco de madeira debaixo da laranjeira ao lado do
tanque, e ter aquela sensação de que o dia quase não passava, que o ponteiro do
relógio não mexia, e de o dia parecer ter 48 horas.
Este fim de semana não pareceu ser uma
quinzena, nem os dias pareceram ter 48 horas, mas foi um fim de semana de convívio,
um fim de semana de ver a alegria da neve, de voltar a ser um bocadinho criança
brincando na neve, andando de trenó e correndo na neve fofa (como eu nunca
tinha visto).
Este fim de semana foi para aproveitar os amigos, por a conversa
em dia, ver as amizades dos nossos filhos a crescerem. Foi um fim de semana de
estar à lareira como antigamente, de fazer buracos num queijo, de provar anis e
de descobrir que o mesmo sabe a rebuçados do Dr. Bayard. Foi um fim de semana
de visitas, mesmo que curtas, à minha avó Arminda e partilharmos as saudades
que ambas temos da comida que fazia, do
frango guisado com esparguete, da carne guisada com feijão, que mais ninguém
faz como ela, e até das sopas que nunca mais terão o sabor que as delas tinham
porque eram cozinhadas ao lume em panelas de ferro, verdadeira comida de
conforto para o estomâgo e para a alma.
Não estive na casa da minha avó, mas na casinha
da terra de uma amiga, a casinha da terra que era da avó dela, e que tantas
parecenças tinha com a casinha da minha avó.
Não sou uma neta exemplar (muito pelo
contrário), nunca tive um contato muito presente com os meus avós, mas não me
esqueço que naquela casinha no meio do pinhal, o tempo era lento, o lume estava
sempre aceso, e a minha avó tinha sempre uma massinha cor de rosa para mim!
750 gr de carne de vaca para guisar cortada aos
cubos
1 cebola
2 dentes de alho´
1 folha de louro
200 gr de ervilhas
2 cenouras
200 gr de esparguete (pode ser substituído pelas
batatas aos cubos)
Colorau
Sal e azeite qb
1 copo de vinho branco
Pica-se a cebola e os alhos. Num tacho
coloca-se a aquecer o azeite (cerca de 2/3 colheres de sopa) e junta-se a cebola,
o alho e a folha de louro e deixa-se refogar. Quanto estiver refogado, junta-se
a carne aos cubos e a cenoura cortada aos quadrados. Polvilha-se a carne com
colorau envolvendo o refogado, as cenouras e a carne e tempere com o sal. Coloque
então um copo com água e metade do mesmo copo com vinho branco (poderá ter a necessidade de vir a acrescentar mais água durante a cozedura). Em lume médio,
deixe refogar a carne, durante uns 40
minutos ou até estar quase cozida.
Quando estiver quase cozida acrescenta-se mais
água (sensivelmente até pouco mais que a altura da carne) deixe começar a
ferver e coloque as ervilhas, deixe ferver 5 minutos e coloque o esparguete (jardineira
da minha avó é com esparguete e não com batatas. Se quiser optar pelas batatas
e não pelo esparguete, deve colocar as batatas antes das ervilhas e esperar que
comece a ferver e então colocar as ervilhas). Deixe cozinhar mais 10 minutos
sempre em lume médio, retifique os temperos, desligue o lume, e deixe repousar
uns minutos antes de servir.
Bom Apetite!