segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Neve e uma Jardineira de Ervilhas








Cá em casa, como na maioria das casas que conheço, andamos sempre a correr, sempre com pressa e na maior parte das vezes sempre atrasados. Corremos para o trabalho, corremos para casa, despachamos os miúdos a correr, “vá come”, “anda lá despacha-te”, “vá mexe-te”, “não te esqueças do casaco” , “já vou chegar atrasada” são palavras muitos utilizadas cá em casa. Ao fim de semana não é diferente, temos mil e uma atividades, porque queremos aproveitar ao máximo o fim de semana, então corremos para ir ao supermercado, corremos para irmos passear, andamos a saltaricar de festa de anos em festa de anos (porque parece que a vida social de uma criança de 5 anos é mais agitada que a nossa) para nos despacharmos, para aproveitarmos os dois dias ao máximo…. Corremos, corremos, corremos…. Passamos a vida a correr… Ou melhor, a vida passa por nós a correr e nós limitamo-nos a andar numa roda vida para tentar chegar a tudo e a todos.

Este fim de semana, foi diferente. Este fim de semana regressei muito perto do único sitio, onde em criança os dias demoravam a passar, onde as horas eram lentas, onde um fim de semana parecia uma quinzena... Só tinha esta sensação quando ia para a casa da minha avó Arminda, em mais nenhum lado os dias eram assim, lentos e vagarosos... demasiado lentos e vagarosos para uma miúda enérgica como eu. Sempre que tínhamos de ir à terra, para aquela terra em particular, para aquela casinha no meio do pinhal, eu achava um tédio, porque os dias eram infindáveis e as horas demoravam muito a passar. Hoje, com toda a correria que passa à minha volta, era bom eu poder voltar a estar sentada num banco de madeira debaixo da laranjeira ao lado do tanque, e ter aquela sensação de que o dia quase não passava, que o ponteiro do relógio não mexia, e de o dia parecer ter 48 horas.  

Este fim de semana não pareceu ser uma quinzena, nem os dias pareceram ter 48 horas, mas foi um fim de semana de convívio, um fim de semana de ver a alegria da neve, de voltar a ser um bocadinho criança brincando na neve, andando de trenó e correndo na neve fofa (como eu nunca tinha visto). 





Este fim de semana foi para aproveitar os amigos, por a conversa em dia, ver as amizades dos nossos filhos a crescerem. Foi um fim de semana de estar à lareira como antigamente, de fazer buracos num queijo, de provar anis e de descobrir que o mesmo sabe a rebuçados do Dr. Bayard. Foi um fim de semana de visitas, mesmo que curtas, à minha avó Arminda e partilharmos as saudades que ambas temos  da comida que fazia, do frango guisado com esparguete, da carne guisada com feijão, que mais ninguém faz como ela, e até das sopas que nunca mais terão o sabor que as delas tinham porque eram cozinhadas ao lume em panelas de ferro, verdadeira comida de conforto para o estomâgo e para a alma.








Não estive na casa da minha avó, mas na casinha da terra de uma amiga, a casinha da terra que era da avó dela, e que tantas parecenças tinha com a casinha da minha avó.

Não sou uma neta exemplar (muito pelo contrário), nunca tive um contato muito presente com os meus avós, mas não me esqueço que naquela casinha no meio do pinhal, o tempo era lento, o lume estava sempre aceso, e a minha avó tinha sempre uma massinha cor de rosa para mim!







Jardineira com Ervilhas





750 gr de carne de vaca para guisar cortada aos cubos
1 cebola
2 dentes de alho´
1 folha de louro
200 gr de ervilhas
2 cenouras
200 gr de esparguete (pode ser substituído pelas batatas aos cubos)
Colorau
Sal e azeite qb
1 copo de vinho branco


Pica-se a cebola e os alhos. Num tacho coloca-se a aquecer o azeite (cerca de 2/3 colheres de sopa) e junta-se a cebola, o alho e a folha de louro e deixa-se refogar. Quanto estiver refogado, junta-se a carne aos cubos e a cenoura cortada aos quadrados. Polvilha-se a carne com colorau envolvendo o refogado, as cenouras e a carne e tempere com o sal. Coloque então um copo com água e metade do mesmo copo com vinho branco (poderá ter a necessidade de vir a acrescentar mais água durante a cozedura). Em lume médio, deixe  refogar a carne, durante uns 40 minutos ou até estar quase cozida.
Quando estiver quase cozida acrescenta-se mais água (sensivelmente até pouco mais que a altura da carne) deixe começar a ferver e coloque as ervilhas, deixe ferver 5 minutos e coloque o esparguete (jardineira da minha avó é com esparguete e não com batatas. Se quiser optar pelas batatas e não pelo esparguete, deve colocar as batatas antes das ervilhas e esperar que comece a ferver e então colocar as ervilhas). Deixe cozinhar mais 10 minutos sempre em lume médio, retifique os temperos, desligue o lume, e deixe repousar uns minutos antes de servir.


Bom Apetite!

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